Desligamento Humanizado: Como lidar com o desligamento profissional em tempos de (e pós) pandemia
Paula Giannetti e Daniela Sales (para HSM)
O anúncio do desligamento pode tirar o chão de quase todas as pessoas, mesmo quando o contexto econômico já não está favorável ou quando já se imagina que isso pode acontecer. Afinal, apesar de sempre sabermos que algo negativo pode acontecer, nunca estamos 100% preparados, não é mesmo?
Muitos colocam a carreira no centro da vida e a demissão pode gerar um sentimento de rejeição. Essa atmosfera de divórcio, que envolve uma demissão, é sempre um mistério. Mas é importante compreender que alguns ciclos chegam ao fim e que esse é o [momento de reorganizar as ideias e focar as energias no lugar certo](https://www.revistahsm.com.br/post/plato-de-carreira-como-superar-a-estagnacao-profissional), direcionando-as a um novo objetivo: a recolocação.
Como profissionais de RH, a demissão é um dos processos com os quais precisamos lidar, e que menos gostamos de falar… São inúmeros os grupos de RH em que compartilhamos boas práticas para os temas de remuneração, treinamento e desenvolvimento e recrutamento e seleção, mas nunca encontramos um grupo para discutir o processo de desligamento.
Assim como qualquer outro processo que envolva pessoas em uma organização, o [desligamento deve sempre ser conduzido de forma profissional](https://www.revistahsm.com.br/post/antes-de-demitir-converse) – por mais complexo que o cenário seja. O final de um ciclo sempre dá início a um novo, e os vínculos entre “CPFs” devem ser sempre respeitosos, pois eles são muito mais fortes e constantes ao longo de nossa trajetória profissional do que os vínculos com “CNPJs”. Esse pensamento, além de saudável, é necessário.Mas, por que ainda é tão difícil conversar – seja com quem for – sobre os motivos de uma saída?
## Nossa “nova antiga realidade”Estamos vivendo um momento sem precedentes, e isso já não é mais novidade. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados recentemente, mostraram que o desemprego no Brasil atingiu 14,2% no trimestre encerrado em janeiro de 2021, o que equivale a 14,3 milhões de brasileiros sem trabalho formal. Este é o maior contingente para o período desde o início da pesquisa, em 2012.
Em um único ano, foram mais de 2,4 milhões de desempregados no País. Mas o que mais nos choca é a soma de pessoas que afirmaram já terem desistido de procurar uma nova oportunidade, número que já ultrapassa a marca de 5,9 milhões.
O que nos assusta diante destes dados apresentados é que nós já estamos vendo nos grupos de RH em que participamos, discussões sobre possíveis redução de equipes causados pela lenta retomada da economia e um maior número de compartilhamento de currículos profissionais.
A [desistência e a falta de esperança](https://www.revistahsm.com.br/post/convivendo-com-os-espacos-vazios) cada vez maiores na nossa população, por não saber quando e como encontrar um novo trabalho, além, claro, do medo do julgamento por parte de recrutadores quanto à capacidade de atender a um novo desafio, nos colocam frente a frente a questões essenciais da atuação como profissionais de RH: estamos de fato cuidando das pessoas?
Foi por este motivo que, em 2020, com o início das medidas de isolamento social, reduções de jornada e, infelizmente, alguns desligamentos, em uma situação de distanciamento e privação do contato humano, tomamos a decisão de fazer algo diferente: utilizar nossos conhecimentos para auxiliar profissionais na busca de novas oportunidades de trabalho, compartilhando vídeos, guias e indicações de sites e ferramentas de recolocação através das redes sociais e grupos de RH com o movimento #RecolocaçãoProfissionaldoBem.
## Nosso compromisso socialIniciamos este movimento na nossa própria empresa junto aos nossos gestores, aprimorando o processo de desligamento, para que ele fosse realizado de [forma humanizada e com sensibilidade para o colaborador](https://www.revistahsm.com.br/post/como-criar-uma-cultura-de-alta-performance-sem-afetar-a-saude-mental-da-sua) prestes a receber uma notícia de tal impacto e ainda de forma virtual…. Se pudermos dizer que a pandemia nos trouxe algum benefício, arriscaríamos dizer que as pessoas estão exercitando empatia verdadeiramente.
Percebemos cada vez mais que as mudanças na nossa sociedade influenciam em todas as esferas, incluindo o mercado de trabalho. As organizações do futuro exigem um relacionamento humanizado, onde as atitudes impessoais não têm vez. Isto é diálogo aberto e senso de pertencimento, independentemente da etapa em que você esteja na sua trajetória profissional.
Como profissionais de recursos humanos, precisamos assumir o compromisso em um âmbito não apenas organizacional, mas social! Precisamos incentivar outros grupos de pessoas e outras empresas a refletirem como podem difundir seus conhecimentos com a sociedade em um momento como este, de pandemia. Em junho de 2020, a Microsoft, gigante da tecnologia, lançou uma iniciativa em conjunto com o LinkedIn para recapacitar 25 milhões de pessoas em todo o mundo em habilidades digitais, cada vez mais necessárias às empresas e à economia global.
Ok, não precisamos fazer uma ação grandiosa como essa, mas acreditamos que também podemos ajudar, a partir de nossa própria realidade. Por exemplo, dois meses após o início da pandemia, compartilhamos em nossas redes pessoais e da própria empresa uma curadoria dos cursos gratuitos, e diversos conteúdos de aprendizagem para promover a capacitação ou reskilling para profissionais que estavam com contratos de trabalho suspensos ou em processos de recolocação.
E você, o que está fazendo para disseminar boas ações, que colaborem com o desenvolvimento da nossa sociedade?
Quer saber mais sobre os conteúdos discutidos pelas autoras?
Confira nos links abaixo:
Pílula 1 – Faça perguntas a você mesmo
Pílula 2 – Quantas pessoas tem o seu telefone na agenda de contatos?
Pílula 3 – Como estou lidando com o meu processo de recolocação no mercado de trabalho?
Pílula 4 – O seu currículo
Guia de apoio à recolocação
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